As trabalhadoras e os trabalhadores da educação pública estadual e municipal, juntamente com representantes dos países irmãos da América Latina, reunidos no Encontro Pedagógico Latino-americano, em Cuiabá (MT), de 27 a 29 de abril de 2017, manifestaram diversas preocupações em uma carta. Seguem abaixo:

 

1.Preocupa-nos o cenário de golpe institucional ora vivenciado no Brasil que, em uma relação estreita com governos conservadores das esferas estaduais e municipais, atenta contra os direitos duramente conquistados desde a Constituição de 1988;

2.Preocupa-nos as reformas ora em curso, que visam retirar direitos básicos da maioria da população, a saber, aposentadoria, direitos à saúde, à educação e à democracia, enquanto se mantêm privilégios das elites minoritárias e bem assistidas;

3.É lamentável que o Brasil volte a figurar como um país de grandes dimensões de desemprego, miséria, fome e violência, que atingem idosos, jovens e crianças;

4.Preocupa-nos a violência urbana com o alto índice de assassinatos de jovens nas periferias de nossas cidades, bem como é motivo de repúdio que o estado de Mato Grosso, governado por representantes do agronegócio, não assegure o direito dos trabalhadores à terra e se coloque passivamente ante a violência no campo, como aconteceu na cidade de Colniza (MT), onde nove pessoas foram vítimas de uma chacina por causa da ganância e do comércio de terras;

5.Preocupa-nos que os golpistas de plantão se coloquem como lacaios das multinacionais e continuem entregando as nossas riquezas, a começar pelo pré-sal, reserva de energia que o propósito da população brasileira era vê-la produzindo riqueza e conhecimento para toda a população, principalmente a mais pobre;

6.Preocupa-nos os educadores perceberem que grandes parcelas dos políticos, depois de eleitos, vivam para defender seus privilégios e atuem para quebrar direitos como aposentadoria, concurso público, recursos vinculados à saúde e educação, como aconteceu por meio da Emenda Constitucional (E.C.) nº 95;

Considerando os marcos da Declaração para os Direitos Humanos, as Resoluções dos Congressos Mundiais da Internacional da Educação, bem como as Convenções Internacionais, queremos afirmar que a Educação Pública é um direito e não uma mercadoria.

Somente uma educação eminentemente pública, gratuita, laica, referenciada socialmente e financiada com recursos públicos poderá se impor como condição universalizante de acesso e promoção da cidadania para que o povo não se submeta às lógicas de mercado.

Os exemplos tratados pelos representantes dos outros países da América Latina na denúncia dos conteúdos meritocráticos e nas denúncias dos processos avaliativos que visam preparar o caminho para a bonificação de salários e privatização e terceirização das funções em educação nos levam a reconhecer que essas políticas somente possibilitam os lucros de seus empreendedores, tornando a população refém do analfabetismo político e, em consequência, da miséria humana.

Nesse sentido, o papel de educadores que a nós foi conferido existencialmente nos leva a um comprometimento com a luta. Ao tornar realidade o Movimento Pedagógico Latinoamericano, nos comprometemos a lutar:

1.Por uma pedagogia latinoamericana baseada nos pressupostos libertários e progressistas de liberdade, democracia, inclusão e cidadania;

2.Lutar para impedir o avanço das políticas que promovam a privatização, a mercantilização, a terceirização do ensino, bem como sermos contra toda forma de militarização das escolas públicas;

3.Lutar para que os educadores sejam partícipes de políticas de valorização profissional que lhes assegurem carreira, formação, piso salarial digno, jornada única e gestão democrática da educação;

4.Lutar para que a escola seja espaço de convivência do conhecimento, baseado no respeito à diversidade, às diferenças, às minorias, e que a formação humana e cidadã seja o valor maior nas relações e nos currículos.

Que tenhamos a garra e a disposição para enfrentarmos o golpe contra os nossos direitos a partir da unidade da classe trabalhadora, a exemplo da Greve Geral, no dia 28 de abril, quando mais de 40 milhões de brasileiros saíram às ruas nos diferentes cantos do Brasil para manifestarem sua insatisfação.

Na sexta-feira (28), o presidente da CNTE, Heleno Araújo, e a secretária geral da CNTE, Fátima Silva, se juntaram aos trabalhadores na Greve Geral Nacional em Cuiabá (MT).

Na ocasião, o presidente da CNTE destacou que as escolas públicas fecharam 100% no país contra a reforma da Previdência, que busca acabar com a aposentadoria dos trabalhadores brasileiros. Heleno parabenizou a classe trabalhadora mato-grossense pela bela mobilização contra o governo de Michel Temer. "É nas ruas que vamos vencer as medidas neoliberais desse governo ilegítimo. E vamos dizer aos deputados federais que votaram contra nós na reforma trabalhista que eles não voltarão", declarou, no carro de som.

Eduardo Pereyra, dá La Confederación de Trabajadores de la Educación de la República Argentina (CTERA) falou em nome dos convidados internacionais que participaram do evento Movimento Pedagógico Latino-Americano.

Eduardo Pereyra disse os povos latinos estão com os trabalhadores brasileiros neste dia da greve geral contra as reformas neoliberais do governo de Michel Temer. Ele lembrou que os trabalhadores argentinos também lutam contra o governo amigo de Temer, Maurício Macri.

Apesar de ter sido eleito pelo voto popular, Macri também promove reformas neoliberais na Argentina. “A vitória dos companheiros e das companheiras do Brasil será também a vitória de todos os países dá América latina contra as reformas contra nossos povos latinos”, disse Pereyra.

© Copyright 2000 - 2014 SISMUC Regional - Todos os Direitos Reservados - É proibida a cópia total ou parcial deste site sem autorização de seus administradores

Desenvolvido por AgênciaNET e ATONA mídia

Deprecated: Directive 'track_errors' is deprecated in Unknown on line 0